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Introdução I

A característica fundamental da arquitectura Islâmica é a de estar ligada ao solo, por isso mesmo nunca sendo elevada, excepção feita do minarete. Esta excepção evita o sentido da solidez e do pleno, pelo que os pisos das construções são movimentados ou mesmo cheios de rendilhados, em qualquer caso ornamentados.

A construção foi encarada pelos Árabes como inserida no espaço circundante, onde também se encontravam dispostas as tendas dos beduínos. Com os Turcos e os mongóis, a importância do jardim em relação ao edifício que se erguia no meio dele era acentuada e o grande palácio era preferencialmente construído como um conjunto de pequenos pavilhões dentro de um jardim com uma planta rigorosamente estudada. Nada, fosse como fosse, que ultrapassasse a dimensão humana; e, salvo raras excepções, a grandiosidade e a ascensionalidade foram sempre excluídas.

Existe uma relação constante entre o meio ambiente natural e o ambiente arquitectado, que se inseria no habitat graças ao carácter marcadamente pictórico (alegre e aberto e não sólido e fechado), por vezes com a ajuda da ornamentação, que pode recobrir todas as superfícies, contribuindo par mascarar a estrutura do edifício sem nunca criar um ponto focal ou centro que chamasse as atenções. Esta tendência para evitar os elementos salientes determinou as ornamentações “de friso contínuo”, motivo basilar da arte Islâmica não só na arquitectura, como também em quase em todas as expressões.

Antes de darmos uma vista de olhos pelos edifícios mais significativos, examinaremos dois elementos de construção: o arco e a cúpula; e ainda dois elementos construtivo-decorativos: o iwan e as muqarnas, que as construções Islâmicas, tanto religiosas como civis tinham em comum.

Um nicho com a característica decoração de muqarnas (estalactites). Exemplo do tipo Sírio construído no período Fatimida (969-1171). Além dos primeiros exemplos de pedra e mármore, houve muqarnas de estuque, madeira e cerâmica, com variações de “alvéolos” e rica decoração, sobretudo no Irão, onde este tipo de “nichozinho” surge recoberto de uma rica superfície de esmalte.

No que respeita ao arco, nenhum outro estilo dispõe de uma variedade tão extensa de tipos de e de formas. Ao princípio, foi utilizado o arco de volta perfeita sobre colunas, segundo a tipologia Bizantina, mas muito rapidamente surge a criação do arco quebrado, já presente na arquitectura Sassânida, que se articulou em numerosas variantes. Cem anos depois das primeiras experiências, o arco Islâmico, livremente apoiado sobre as colunas, pilastras ou paredes, tinha assumido uma vasta gama de formas que o libertavam das rígidas esquematizações de outros estilos.

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